O Malandro da Bulgária aterrissa na província

Publicado originalmente em 27/02/2013 @ MyCool

Acho que não é mais novidade pra ninguém que, de uns anos pra cá, nossa pequenina cidade de Porto Alegre tem recebido algumas atrações bem legais. A próxima delas atende pelo nome de Kosta Kostov [não confundir com Krusty Krustofsky], um DJ búlgaro erradicado na Alemanha que vem pra tocar na próxima edição da I Love Diskorock, a noite de dance music do Beco 203.

Kostov, também conhecido como o Malandro da Bulgária, tem um som bastante particular. Por ter sido criado na Bulgária, os sons tradicionais da cultura Balcânica são uma das maiores influencias do cara, sendo condensados com diversas vertentes da bass musichouse, electro, moombathon e até um pouquinho de baile funk –, assim como também agrega outras sonoridades étnicas, como música mediterrânea e afrobeats. Resumindo: temos um deliciozzo saladão de música eletrônica com world music.

O DJ, além de residente da rádio Global Player, é o mentor de algumas baladas na Europa. Entre elas, a Balkan Express, festa mensal que enfatiza o próprio som dos Balcãs. Esse vídeo aqui é bem didático:

Na tour brasileira – que começou em Recife e termina justamente em Porto Alegre – Kosta promete colocar a disposição toda a saladona de sons citada anteriormente, como pode ser ouvido nesse mix:

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Como dá pra perceber, ele tem um forte relacionamento com o Brasil, tendo inclusive duas de suas próprias tracks remixadas pelos brazucas Marcelinho Da Lua e Chernobyl. Além disso, colabora frequentemente com artistas portugueses, o que faz com que nossa língua-mãe esteja sempre presente no trabalho do DJ.

Pra quem quiser sacar mais composições do ~Mallandro~, dá pra sacar os dois EPs lançados por ele na íntegra pelo Soundcloud.

A I Love Diskorock com Kosta Kostov rola nesse sábado, dia 02 de março. Completam o line-up os locais Schutz, Francis Bacon, Lucas Big e Flávio Lerner – não faço ideia de quem seja esse último.

MyCool investiga: Azealia Banks vs. Munchi – o barraco

Publicado originalmente em 03/10/2012 @ MyCool

Seja pra ganhar mídia, fazer média ou ser escroto, os artistas adoram um barraco pelas redes sociais da vida. E como os fãs são chegados numa novela, esse tipo de embate costuma gerar bastante repercussão – sejam eles entre artistas do mainstream ou não.

A birra da vez corresponde à semana passada, quando a mais nova hype do rap Azealia Banks e sua equipe foram irresponsáveis, gerando uma polêmica gigantesca com o produtor holandês Munchi. A maioria dos blogs daqui não tocou no assunto, enquanto veículos da mídia internacional distorceram os fatos. Como o MyCool é pratcament um Jorge Kajuru da blogosfera – sem rabo preso e sempre de pinto duro –, fomos atrás da verdade.

O lance é o seguinte: todos os singles lançados pela Azealia até agora são raps em que ela canta sobre faixas instrumentais de outros produtores, sem edições. 212, por exemplo, é simplesmente a faixa Float My Boat, de Lazy Jay, com os vocais da garota.

As 19 tracks presentes na mixtape Fantasea também seguem essa lógica: o produtor Diplo ajudou a selecionar músicas de diversos outros caras para que Banks rapeasse por cima. Muita gente tem chamado isso de samplear, quando na verdade samples são determinadas partes de uma track utilizadas em prol de uma nova criação. Não é o caso.

Ainda assim, nenhum problema ético por enquanto; a mixtape não foi comercializada, enquanto os singles lançados por Banks tiveram autorização mais os devidos créditos e remuneração aos produtores originais.

O problema inicia quando começam divulgações para o lançamento de um novo single de Azealia: Esta Noche, track presente em Fantasea. Esta Noche foi produzida há uns dois anos por Munchi, que não a lançou comercialmente por respeito a Montell Jordan, de quem tirou samples – agora sim – para compô-la. Quando Azealia usou Esta Noche em Fantasea, não houve polêmica. No entanto, quando anunciada como novo single, pra ser comercializada no iTunes, inclusive com capa pronta e tudo o mais e SEM o consentimento de Munchi, o bicho começou a pegar.

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Munchi esperneou e não autorizou o lançamento. As gravadoras Polydor e Interscope, representantes de Banks, perceberam a cagada e tentaram negociar, oferecendo até 50 mil dólares e um pedido formal de desculpas. Munchi não aceitou, principalmente, pelo modo como a garota conduziu a situação, o culpando por emperrar o lançamento do single. O holandês permaneceu irredutível a qualquer proposta, alegando ter sido muito desrespeitado no episódio, e que sua integridade não estava à venda.

Bonito saber que no século XXI ainda tem artista que valoriza coisas como integridade e amor-próprio. O rapaz declarou que é normal no ramo as pessoas serem fodidas o tempo todo e não falarem nada por medo ou por grana, então é admirável também a sua coragem.

Quanto a Azealia, o som dela é bom pra caramba, o hype não é em vão e as tracks escolhidas pros seus raps são de alto nível. Porém, se revelou uma garotinha mimada e imatura [pra não dizer, como já foi dito, escrota]. Toda a estrutura milionária que gere sua carreira falhou, e o tiro saiu pela culatra. Porém, depois de algumas graninhas aqui e ali pra distorcer os fatos na mídia, Azealia e seu staff lançaram como single, no lugar de Esta Noche, Luxury – outra track de Fantasea, de autoria do produtor Machinedrum.

Assim, Munchi com seus valores, Azealia com o seu hype e Kajuru com seu pênis inabalável viveram felizes para sempre.

Moral da história:

* Para mais informações, leia o esclarecimento de Munchi aqui.